domingo, 29 de maio de 2016

BRECHÓS DE CURITIBA



PARA AGOSTO, VAMOS PREPARAR UMA SÉRIE DE QUATRO POSTS, COM PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA, SOBRE BRECHÓS DE CURITIBA. AGUARDEM !!!


 (fotografia no provador do brechó Curityba)

sexta-feira, 27 de maio de 2016

A "LEI DO PAU"



Quando soube da notícia do estupro coletivo no Rio de Janeiro, lembrei-me imediatamente de um livro que li tempos atrás,  Corpo, envelhecimento e felicidade (Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2011), organizado pela antropóloga Mirian Goldenberg. Nele há um artigo de Jean-François Véran, "Respeito é bom e elas merecem": uma antropologia do vagão feminino no metrô do Rio de Janeiro", uma ótima análise sobre a mixidade de gêneros. Nesse artigo tem a transcrição da letra de uma música do Raimundos, Esporrei na Manivela: 

"A "lei do pau"
O coletivo é muito bom para sarrar 
Pois o povo aglomerado sempre tende a se esfregar
Com as nega veia é perna aqui perna acolá 
Se é nos calombos ou nas freadas
Se é nas curvas ou nas estradas
 São situações propícias para o ato de sarrar
No coletivo o que manda é a lei do pau
 Quem tem esfrega nos outros
 Quem não tem se dá mal"

Com essa transcrição, acredito, quis o autor do artigo reforçar o sentimento de humilhação quando prevalece a "lei do pau".

Revendo os meus grifos de leitura, deparei-me com a transcrição da entrevista de uma pedagoga de 66 anos, falando sobre o "vagão cor-de-rosa": 

"Por que eu tenho de ficar separada do homem para eu ser respeitada? Eu quero ser respeitada viajando todo mundo junto!"

Semana passada vi o filme  "A Filha da Índia", sobre a estudante de medicina que foi estuprada coletivamente num ônibus.  Passados alguns dias, acontece situação similar em meu país, de tanta barbárie e crueldade quanto aquela. A Índia tem muita pobreza, na Índia tem sistema de castas, na Índia tem uma mistura de deuses...E aqui, no Brasil? Como tentar entender uma situação dessa?

A desigualdade de gêneros é uma chaga na sociedade brasileirq, que traz mixidade social. É por isso que temos que falar, discutir, posicionar-se e exigir o fim da cultura que culpabiliza a vítima em casos de estupro.

Senti-me engasgada com o que aconteceu. Se tá no morro, se tá na praia, no asfalto ou no pó, em casa, na escola, na igreja,  se tu é branca ou negra, feia ou bonita, velha  ou jovem, magra ou gorda, amiga, não duvide, poderia ser você.

Não quero  mais ficar engasgada, com coisa alguma. Decidi por esse pranto do corpo de dor  feminino em arte. Pintei um pedaço de pano...

Acontece que vejo na roupa um caráter também político. O que eu quero expressar através da roupa e a maneira que o outro me vê através da roupa. Assim como os judeus, estigmatizados, fiz do meu pano uma braçadeira  e a coloquei num casaco preto, em sinal de protesto.   Esse é o mood de hoje. 





Meu colaborador  de hoje e detentor dos créditos das fotos (menos a última): SILVIO CRISÓSTOMO

domingo, 22 de maio de 2016

SLOW OU FAST, VOCÊ É QUE ESCOLHE




No meu post anterior, apresentei Alexandre Linhares, da Heroína, que mostrou a sua coleção "O Rei Está Nu", durante o 6o. Moda Documenta em Curitiba.

Hoje vou falar um pouquinho de um outro criador, que conheci no Bazar Moda Documenta, Luan Valloto - Nossa, Roupa Que Conta História. Luan estava expondo peças incríveis, handmade, com um conceito e um valor agregado, com os quais eu me identifico muito.  Eu virei a feliz depositária da "Carteira do Vale". Vou explicar melhor, aliás, vou deixar  que o próprio Luan conte, através da transcrição do texto que veio junto na carteira. Diz assim:



"Era uma vez...artesã Silvana Prado, 48 anos, bairro São Braz. Silvana conta histórias sobre a vida de uma escoteira líder. Montanhista e aventureira, ao mesmo tempo que borda ermirna da "carteira do vale" com fio de lã orgânica fiado manualmente (713 km de Curitiba) e corante natural de erva mate, canela e carqueja. O tempo dedicado para a construção feita a mão dessa peça foi de 4 dias.
O transporte da bolsa ao redor de Curitiba foi feito em grande parte de bicicleta, para reduzir a emissão de carbono.
Para o acabamento interno foi utilizada um calça de brechó.
O conceito da coleção "Semente" é atribuído às caminhadas de contemplação na mata atlântica e às muitas vidas em simbiose, um ecodesign profundo."
(os grifos são do próprio Luan na impressão original)

O mundo contemporâneo demanda que pensemos sobre o meio ambiente e as relações de consumo.


A moda , atualmente , comporta  dois movimentos, slow e fast fashion.  Hoje já temos roupas saindo de impressora 3D, mas também temos modelos como o do Luan.  Pode parecer paradoxal, mas esses dois movimentos estão acontecendo juntos, ao mesmo tempo,  pois há  desejo de mudança, de autotransformação e de transformação do mundo ao redor – medo da desorientação e desintegração, da falta de referência, da efemeridade,  do mundo líquido do qual o sociólogo Zygmunt Bauman, tanto fala. Tudo isso é a pós-modernidade.




quarta-feira, 18 de maio de 2016

MAKES BÁSICAS

Oi lindas,

Depois de uma passada no SPFW 2016 e de ter acompanhado as tendências de cores ,resolvi testar em casa o que vi. Ou seja olho marrom delineado e em destaque. Vamos lá, utilizei o primer de sombra da urban decay que é ótimo, depois coloquei uma sombra marrom da mary kay, a cinamon e passei em toda a pálpebra, depois só esfumei , utilizei o delineador preto da Sephora e dois tipos de rímel, o volume e o alongamento da Quem disse Berenice? E o resultado foi esse.



Dica de make: Se quiser abrir mais o olhar e aparentar estar mais descansada, é só passar um lápis branco ou nude na marca d' água do olho, fica show.
 

terça-feira, 17 de maio de 2016

CURITIBA E MODA - CONTEÚDOS ACADÊMICOS E PRODUÇÕES INDEPENDENTES


Aconteceu em Curitiba, nos dias  12, 13 e 14 de maio, o 6o. Seminário Moda Documenta  e o 3o. Congresso Internacional de Memória, Design e Moda.

Além dos temas acadêmicos tratados no congresso, o evento contou com uma programação paralela (Moda Documenta), com exposições, bazar Moda Documenta, estúdios abertos (Heroína - Alexandre Linhares, Milho Guerreiro, Suiane Maria e Novo Louvre), intervenções em crochê  pela cidade (Coletivo  Mãos Urbanas) e  lançamento de livros. 

Gosto de conhecer as criações locais. Curitiba tem alguns pequenos ateliers,  oásis em meio ao ritmo frenético da cidade, onde se criam produtos peculiares, feitos com conceito, feitos com as mãos, feitos com responsabilidade social e sustentabilidade. Queria falar de dois desses criadores: Alexandre Linhares - Heroína e Luan Valloto - Nossa, Roupa que Conta História. Assim, esse e o meu próximo post  são para falar deles.



HEROÍNA - ALEXANDRE LINHARES 



A Heroína apresentou a coleção, O Rei Está Nu, num desfile dentro da programação do Moda Documenta. Foi muito apropriado. Além de ser super autoral, Alexandre Linhares ressignifica panos e roupas de outras épocas, na criação das suas novas coleções, produzindo peças repletas de significados e simbolismos.

O desfile foi íntimo, informal e poético. Penso que  o grupo de pessoas que vestiu as suas roupas representa a diversidade humana, sem categorias,  e a maravilhosa possibilidade de convivermos juntos.

Outra coisa que aprecio muito nele, é o trabalho colaborativo. Nos desfiles, ele sempre se associa à outros artistas/criadores (de acessórios), para compor a imagem visual dos seus modelos.

E assim ele vai construindo o seu discurso...



créditos da foto: Andrielly Suzani

quarta-feira, 11 de maio de 2016

SÃO PAULO FASHION WEEK - DESFILES, OLHAR - ÚLTIMA PARTE



E vem o último post sobre o SPFW - verão 2017. Ronaldo Fraga é um caso à parte...





Quando penso em Ronaldo Fraga, vejo um artista. Alguém que cria de dentro para fora, a partir de seus sentimentos e suas experiências. Seja viajando ou mergulhando na vida ou obra de algum artista (Cândido Portinari, Graciliano Ramos, Noel Rosa, Pina Bausch, Nara Leão, Louise Borgeois, Zuzu Angel, Arthur Bispo do Rosário, etc),   os seus temas estão sempre apoiados em fatos relevantes. O seu processo criativo é bastante intenso e pode ser observado no livro Caderno de Roupas, Memórias e Croquis (editora Cobogó).  Maravilhosamente ilustrado,  mostra referências,  memórias, conceitos, documentos, textos,  fotografias e os seus croquis. 

A sua coleção tem inspiração numa viagem que fez  à África, principalmente Moçambique, mas também traz a referência dos movimentos de refugiados de todo o mundo. Ronaldo trata a roupa como memória, porque, como refugiado, a única coisa que se tem é a própria roupa do corpo, uma lembrança, algo que lembre da onde se veio. 

A etnicidade dos tecidos e acessórios, bem como as estampas de paisagens,  remetem-nos  à uma região, um país, uma outra cultura...Estampas com barquinhos de papel  e correntes tocam, com leveza e de maneira poética, na violência de humanos contra humanos, nas crises políticas, sociais e econômicas (daqui a pouco, talvez até ambientais), que culminam nesses movimentos. 

Os croquis de Ronaldo são a sua marca registrada, cheios de vida, de bossa, de arte. Destaque para  as estampas com esses croquis. Uma coleção de roupas que mostra que somos mesmo todos um.






Fotografias retiradas do site em 11/05/2016, onde constam os créditos aos fotógrafos: http://ffw.com.br/

terça-feira, 10 de maio de 2016

SÃO PAULO FASHION WEEK - DESFILES, OLHAR - 3a. PARTE


Com esse,  pensava em encerrar a série de posts sobre o SPFW. As três últimas marcas escolhidas são Juliana Jabour, Lenny Niemeyer e Ronaldo Fraga. Entretanto, decidi que Ronaldo Fraga merece um post à parte. Então, nesse a gente fica com Juliana Jabour e Lenny Niemeyer, duas coleções que eu gostei muito!


JULIANA JABOUR


Um  documentário de 2001,  sobre a história do  skate nos anos 70,  é a fonte de inspiração. "Dogtown and Z-Boys" é sobre  um grupo de jovens que morava na Califórnia, na localidade de Dogtown. Pela manhã surfavam e, à tarde, equilibravam-se em cima de uma prancha sobre rodas. Acabaram por criar um estilo próprio,  que sempre está em voga. 

A coleção de Juliana Jabour promove um revival. A combinação do estilo "uniforme" com peças mais românticas, como as saias, vestidos, e materiais mais leves, como algodão, georgette de seda,  rendas  e transparências, contextualiza e traz leveza aos shapes. Nostalgia revisitada. Boa leitura e contextualização de uma época muito interessante.
 





LENNY NIEMEYER

Lenny Niemeyer assentou muito bem a sua coleção na cultura milenar do Japão. Algumas modelagens fazem lembrar as vestimentas dos samurais, os lendários soldados  japoneses, com um forte código de honra, bem como os tradicionais kimonos.  As  cores icônicas dessa cultura, como o preto, o vermelho e o amarelo,  assim como  outros símbolos do japonismo, como as cerejeiras em flor, o sol nascente, o bambu, o tigre, a carpa,  o crisântemo e o tsuru, a ave sagrada do Japão, símbolo de saúde, fartura, boa sorte, felicidade e longevidade, estão muito bem aplicados.








Outros pontos fortes são as misturas de estampas e a possibilidade de muitas  roupas da coleção transitarem entre o território urbano e o da praia.

Fotos retiradas do site, onde constam os créditos aos fotógrafos, em 10/05/2016: http://ffw.com.br/





segunda-feira, 9 de maio de 2016

SÃO PAULO FASHION WEEK - DESFILES, OLHAR - 2a. PARTE



Hoje eu estou trazendo  mais três marcas desfiladas no SPFW, Isabela Capeto, Pat Bo e A BRAND.


ISABELA CAPETO


Isabela Capeto parte da subjetividade do "tempo" para criar a sua coleção, brincando com o filme "Alice Através do Espelho", que terá estreia  no Brasil em breve.

A estilista, adepta do slow fashion, comenta que tem questões com o "tempo", assim como Alice. Sua roupa é avessa às tendências e caminha muito pelo autoral. Suas peças são cheias  de romantismo, com leveza e transparência, além de aplicações de renda, tule e paête. Um mundo que realmente tem o seu "tempo" à parte.   



PAT BO

A intenção de Patrícia Bonaldi foi passar uma mensagem de otimismo para o país nesse momento de crise social, ética e política.  No meu modo de ver, foi uma das marcas que mais adotou a tendência  de materiais fascinio botânico. Utilizando cores da bandeira, transparências, combinação de estampas,  bordados e aplicações, enfatizou a fauna e a flora brasileiras.





A. BRAND


Parte do grupo Soma, fez a sua estréia no SPFW. Outra marca que também pegou o caminho da tendência de materiais fascínio botânico. Foi se inspirar no Havaí, com estampas de paisagem tropical, hibiscos, folhagens e coqueiros.





Particularmente, gostei muito dos looks que misturam estampas e dos maxi brincos. Um chic casual que foge totalmente do beach e do surf wear, sem perder a referência do lugar, e se insere no contexto urbano. Boa sacada!



Fotografias retiradas do site, onde constam os créditos aos fotógrafos, em 09/05/2016: http://ffw.com.br/

domingo, 8 de maio de 2016

SÃO PAULO FASHION WEEK - DESFILES, OLHAR - 1a. PARTE



No post anterior, falei sobre a minha experiência pessoal de estar  no SPFW e o quanto considero importante as manifestações visuais/corporais  que aconteceram fora do backstage e dos ambientes de desfile. 

Agora, selecionei oito  marcas que desfilaram, que queria mostrar para vocês. De cada marca/desfile, elegi um look (gosto pessoal) para ilustrar o post, mas no final vou deixar um link para quem quiser ver tudo, ok?

Vou postando aos poucos, para que  os posts não fiquem  muito compridos. 


GIG COUTURE

Escolhi a GIG por primeiro, porque foi a coleção que mais gostei. É uma marca mineira, que trabalha linda e finamente com malharia retilínea. Tive a oportunidade de estar pessoalmente com a sua diretora criativa, Gina Guerra, na pop up store do shopping Iguatemi.

A coleção traz um ar de nostalgia por conta da utilização do lurex (década de 80), mas completamente  atualizado pelo padrão da modelagem e das estampas.

Os estudos sobre cor e movimento da multiartista Sonya Delaunauy foram a tônica da coleção. Segundo a artista, a sensação do movimento advém  da junção de cores contrastantes. A gente pode ver isso na look abaixo:




 A saia plissada tem uma cor diferente de cada lado da dobra  (verde e rosa) e as cores são contrastantes (verde cor fria e rosa cor quente). Então, conforme a modelo se movimenta, aparecem formas na saia que lembram uma imagem holográfica, só que não em 3D, mas sim, bidimensionalmente, no tecido. 



APARTAMENTO 03

Essa coleção apresenta tecidos mais fluídos e shapes mais soltos que as anteriores. Com inspiração no ilusionismo e em seu personagem principal, Harry Houdini, um dos maiores ilusionistas da história, foram apresentados maxi coletes, maxi paletós,  bombers, bem como camisas e macacões que lembram pijamas. A marca apostou em franzidos e amarrações, evocando as apresentações do ilusionista. Um super crédito, porque as amarrações não deixaram as roupas pesadas, por conta da fluidez dos tecidos, equilibrando o conjunto.


 

sábado, 7 de maio de 2016

SÃO PAULO FASHION WEEK - MINHA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA




Vou contar um pouco da minha primeira experiência no SPFW. Já digo de antemão, espero que venham muitas outras, porque simplesmente adorei.  Primeiro, esperava muita afetação. Não que não tenha ocorrido, mas em grau mínimo, muito muito menos do que a gente vê por aí, em shoppings "badalados" e restaurantes "da hora". Isso me deixou muito à vontade e me inspirou a compor os meus próprios visuais, como forma de expressão e troca com as pessoas e aquele espaço. Aliás, pode-se dizer que o espaço do SPFW é um território de expressão visual/corporal, de empoderamento e  livre de preconceitos. Local de observação e pesquisa. O que também me chamou muito à atenção foi a tolerância. Muitas "tribos" convivendo juntas num espaço fechado, sem qualquer incidente. Exemplo que deveríamos levar para as ruas e para as redes sociais, porque a tolerância deveria ser uma máxima da experiência humana de viver em coletivo.