Você sabia que o coturno é um tipo de calçado originariamente utilizado nos meios militares, em atividades de combate? Sua função era proteger os pés, fornecendo atrito com o solo para evitar escorregões e estabilidade nos tornozelos para escapar de lesões. Também é classificado com um EPI, equipamento de proteção individual. Outras subculturas fizeram uso deles para compor a sua identidade visual, como o movimento gótico, o grunge, o heavy metal, o punk e o skinhead. O coturno caiu no gosto comum. Popularizou-se, sendo "permitido" até mesmo à mulher usá-lo. Hoje, inclusive as marcas de luxo estão produzindo as suas sofisticadas versões para serem usadas com vestidos finíssimos.
Enquanto o Ju Araújo atendia as suas clientes, decidi fazer as fotos com essa saia verde. Sempre gosto de falar que estar num brechó e garimpar roupas é uma atividade lúdica. No Balaio de Gato você vai encontrar roupas mais atuais, mas também muitas coisas de décadas atrás. Essa saia tinha inúmeros panos e era linda. Parecia mais um figurino, do que uma roupa de usar no dia-a-dia. A pessoa que a usou era infinitamente mais magra do que eu. A cintura não fechou mas, mesmo assim, quis fotografar. Como a intenção era flexibilizar um pouco a classificação binária de gênero, servi-me de alguns símbolos (gravata, coturno, suspensório, etc) do universo masculino para "brincar" na composição dos looks. Fui procurar referências na História da Moda e observei atentamente comportamentos e posturas corporais masculinas. Através do corpo e da imagem procurei construir o meu discurso.
produção e stylist: Deborah Vons
créditos fotografias: Michelle Serena
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