quarta-feira, 16 de novembro de 2016

A NOVA ROUPA DO HOMEM CONTEMPORÂNEO






Olá, queridxs leitores,


Vocês sabem que eu gosto de fazer postagens em bloco, sobre  determinados temas, né? Acho que fica mais didático e menos cansativo. Não gosto de posts com textos muito grandes. Gosto de ir digerindo  e falando aos poucos sobre  o conteúdo acumulado nos meus projetos. Todavia, esse post é um pouquinho grande. Não tinha como fragmentar o conteúdo.  Peço a paciência de vocês para o lerem até o final.

 Pois bem!   Esse é o último post sobre a 42a. edição do São Paulo Fashion Week.  Dividi com vocês um pouco do que consegui absorver durante o evento. Bem, mas ainda estava faltando uma importante questão e, é claro, foi por isso que eu a deixei por último.  Agora, compartilho-a com vocês.  

Sabe o que eu mais gosto da São Paulo Fashion Week? Poder olhar  para o público que participa do evento, o que está à margem das passarelas... Para mim, isso é o mais importante e interessante.  Então, deixa eu contextualizar um pouco.

Desde 2013, quando fiz especialização em Antropologia Cultural, interesso-me  por questões relacionadas ao gênero, sobretudo porque quase sempre dizem respeito às minorias e à  violação de direitos básicos (integridade física e moral, igualdade salarial, etc).  

Na moda, o gênero também apareceu, como tendência, inicialmente  como gender bender, ou seja,  pessoas usando roupas opostas ao seu gênero biológico. Tudo ainda estava atrelado ao conceito binário, feminino/masculino.

O gênero vem reverberando na moda desde 2014, aproximadamente. Só que, com o passar do tempo,  foi assumindo uma outra faceta, flexibilizando-se e se diversificando, tornando-se no gender, fluid gender ou agender.

Agora, acredito que estamos em uma outra e nova etapa. Depois de observar horas a fio o público masculino (biologicamente falando) presente no SPFW, cheguei à conclusão de que não podemos mais olhar para a moda sob a perspectiva do gênero. Acho que estamos ultrapassando, indo além disso...vou tentar explicar.




Para dar apenas uma ideia, esses  homens (biológicos) dos quais estou falando, estavam usando  pantacourt; maxi casacos de malha tricô; camisetas compridas até um pouco acima do joelho; saias, muitas saias; bermudas com meia e sapato social;  jaquetas oversized; camisa de manga curta com o colarinho fechado; chapéu; camiseta-vestido; carteiras retangulares, tipo envelope; bolsas tamanho pequeno/médio, à tiracolo e cintura alta.

Esse tempo em que estamos vivendo está marcado pela  transição, em vários aspectos: trabalho, educação, economia, meio-ambiente, recursos naturais,  consumo, lifestyle... A mulher  novamente está indo à luta pela sua visibilidade, pela sua participação na sociedade e  pelos seus direitos.

 A grande surpresa é que o homem também está mudando e as gerações mais novas é que estão à frente dessas mudanças.
 Independente de idade e gênero, os homens estão se permitindo arrumarem-se mais. Além de roupas, acessórios e maquiagem, principalmente  olhos marcados com lápis preto, pele feita e blush.

O mundo se globalizou e  hoje, a maioria das classes sociais (inclusão digital) tem  infinitamente  mais acesso à informação e aos  hábitos e valores de outras culturas.  Se a saia para o homem é tabu no Brasil, por quê não é na Escócia?

Essa temporada foi marcada pela mudança no jeito de se vestir do homem (biológico). Obviamente, a mudança é extensiva ao seu comportamento.  Parece que estão mais à vontade, mais vulneráveis e mais lindos, podendo expressar mais a sua sensibilidade, intuição e criatividade, tendo a possibilidade de  flexibilizar ou abrir mão de um papel que também lhes foi imposto, o de "macho".  Isso implica em  uma nova identidade visual masculina. A princípio,  não quer  dizer que o homem quer se vestir como mulher (alguns querem, efetivamente). Quer dizer que ele está se apropriando de algumas coisas do "universo feminino" e  se permitindo experimentar e usar, à sua maneira. Isso cria o novo,  um visual super cool.Tem um pouco dos dândis,  estilo que  marcou a moda no começo do século passado.

 Pode ser que ele sempre tenha amado bolsas ou as unhas esmaltadas, mas se continha. No máximo, "extrapolava", de uma maneira caricata, no Carnaval. Agora, ele está se permitindo usar e começa a reconhecer as duas facetas (masculina e feminina) dentro de si, sem rótulos.

Homens, liberem-se e se libertem. Vocês são lindos e não têm que provar nada para ninguém!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário