segunda-feira, 10 de outubro de 2016

CURITIBA SEGUNDA MÃO - BALAIO DE GATO - A GRAVATA


GRAVATA: Há muitas histórias sobre a origem da gravata. De que os franceses a copiaram do uniforme do exército croata. Os romanos, por sua vez, de que usavam um pedaço de pano molhado em volta do pescoço, para se refrescarem em viagens de expansão do Império. Alega-se que até mesmo múmias egípcias foram encontradas com algo semelhante em volta do pescoço. No mundo moderno, a gravata surge em 1860, quando começou a ser fabricada em escala industrial. Curiosidades à parte, fato incontestável é que a gravata é algo que distingue, usada para causar determinadas impressões, um símbolo masculino de status e poder.  

A gravata tem função meramente estética  e de acessório, sem  esquecer entretanto, essa figuração que habita no inconsciente coletivo há séculos. Freud, em sua obra "A interpretação dos sonhos" menciona a gravata como um símbolo representativo do pênis. Tanto a gravata como o pênis ficam pendurados na parte frontal do corpo. O pênis pouco abaixo da cintura e a gravata no pescoço.  Todavia, se a gravata fosse para a região pouco abaixo da cintura, teríamos uma imagem semelhante ao pênis. No entanto, não estamos falando da mera representação peniana, mas do falo, símbolo de posse, poder e onipotência. Os homens, por não poderem exibir socialmente seus próprios órgãos genitais, elegem, de forma simbólica, um substituto, em proporções ampliadas, quando querem demonstrar possuir as características fálicas representadas pelo pênis.

Fiquei pensando em tantos "poderes" que existem por aí...poder religioso, poder midiático, poder empresarial, poder judiciário, poder executivo, poder legislativo... em todos eles, a gravata faz parte do dress code...





O Ju Araújo faz a parte de visual merchandising do Balaio de Gato. Ele monta os looks e organiza, de maneira harmoniosa,  as roupas, acessórios e objetos que estão à venda.  Foi ele mesmo que montou o seu look e eu produzi o meu, dentro do conceito pré-estabelecido. Elegi a gravata como um objeto de reflexão e questionamento.

A corporeidade do Ju Araújo é extraordinária. Ele utiliza o seu corpo como uma plataforma de manifesto sobre a liberdade de vestir e usar o que quiser. Mas  a inscrição do seu corpo no espaço urbano não foi e não é algo simples. Está acontecendo lentamente. Ele precisou adquirir  determinada postura e atitude para garantir o seu espaço de cidadão e preservar a sua integridade física e emocional. 

A gravata, de forte símbolo social sedimentado no imaginário coletivo à  símbolo de reversão do padrão dominante, porque há novas maneiras de ser em construção na sociedade contemporânea.








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produção e stylist: Ju Araújo e Deborah Vons

créditos das fotografias: Michelle Serena

fonte de pesquisas: glauberabide.blogspot.com.br e A história da Sexualidade, a vontade de saber, Michel Foucault

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