A antropóloga Mirian Goldenberg costuma dizer que o que ocorre em tempos atuais é uma universalização da ideia de corpo como capital e que, "o valor máximo" desse corpo seria atingido na adolescência, "capital-juventude". A partir daí, seria necessário muito investimento para que esse corpo não revele a tragédia anunciada da descapitalização pela idade. Para as mulheres é ainda mais terrível, diz a antropóloga, vez que, a partir dos cinquenta anos, elas começam a se tornar invisíveis.
Para contrapor o padrão de beleza midiática, o Calendário Pirelli 2017, nas lentes do fotógrafo Peter Lindberg, apostou numa beleza mais "real e autêntica", fotografando mulheres (atrizes famosas) de diversas idades (inclusive aquelas que, em tese, estariam se tornando invisíveis), com pouca produção e quase nenhum tratamento digital nas imagens. O fotógrafo defende "uma beleza que fala da individualidade, da coragem de ser quem se é e da sensibilidade."
Esse padrão estetizado é uma coisa ilusória, não é? É praticamente inatingível e nos coloca, a maioria das mulheres de todas as idades, numa permanente frustração. Vale a reflexão: a quem se destina esse padrão? Á você mesma, ao outro ou "ao mercado"? Para que padrão? Só uma vista pobre vê beleza apenas em um único modelo ditado. Somos únicas, na nossa essência e individualidade. Cabe, à nós mesmas, colocar fim nessa ditadura, aceitando e amando os nossos corpos, tornando-nos visíveis, em qualquer situação.
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